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De la Cruz, do Flamengo, Surpreende Primeiro Técnico com Pedido Inusitado: 'Me Chame de Bolita

Criado na base do Liverpool, baixinho de 1,67m ganhou apelido porque o pai era conhecido como Bola; primeiro treinador do meia diz que ele gosta de jogos difíceis e decisivos


O baixinho De la Cruz transparece ser um jogador tímido desde a chegada ao Flamengo, em janeiro. De poucas entrevistas e palavras, o uruguaio de 27 anos dá impressão de ser "na dele", caladão. Mas, de acordo com dois dos treinadores que o ajudaram a se profissionalizar no Liverpool de Montevidéu, isso não passa de uma fase.

Gabriel Oroza, visto por De la Cruz como o treinador mais importante que teve na carreira, reúne histórias deliciosas da adolescência do camisa 18 do Flamengo. O primeiro contato que tiveram, em 2011, foi surpreendente e muito engraçado.


- Quando o conheci, o clube me passou uma lista de 30 jogadores nascidos em 1997 que estavam chegando. Quando chegou no nome dele, eu o chamei: "De la Cruz". E ele disse: "Eu, mas não me chame de De la Cruz, me chame de Bolita".

De la Cruz era conhecido como Bolita na base do Liverpool — Foto: Arquivo Pessoal


Então, na primeira vez que me via como treinador, mostrou toda sua personalidade. Era Bolita porque seu pai, que era treinador no Baby Fútbol, era conhecido como Bola. O apelido dele era Bola e o do filho, Bolita. Primeiro achei engraçado, mas depois pensei: ele tem uma personalidade definida. Com 14 anos, não é normal que um garoto já demonstre esse atrevimento em seu primeiro contato com o treinador.


Daniel De la Cruz, pai de Nico, foi presidente da liga "Baby Fútbol", que reúne equipes de jogadores com idade inferior a 14 anos. Daniel, ou Bola, também presidia o Cohami, time em que o filho jogava. O atleta do Flamengo, aliás, foi vice-presidente da equipe.

"Desfachatado (atrevido)"


Os dois treinadores ouvidos pela reportagem do ge trataram Nico como um rapaz "desfachatado" (atrevido). Ambos insistiram na expressão para defini-lo. E Gabriel contou que o atrevimento sem limites de Bolita de la Cruz surpreendeu até mesmo Óscar Tabárez, treinador que revolucionou o futebol uruguaio, onde é respeitosamente conhecido como "Maestro".

- Quando foi convocado pelo sub-15 e foi citado por Maestro Tabárez, o próprio Maestro me contou de uma história. O Maestro tem uma figura de senhor, mais sério, mas recebe todos os jogadores. Quando ele o recebe, Nico já disse: "Olá, Maestro, que tal?" Enquanto todos chegavam com mais calma, ele já chegou todo solto - contou Gabriel, que foi técnico de Nico no sub-14, no sub-19 e também no profissional num momento em que foi treinador interino.

Gabriel Oroza em diferentes momentos com Nico de la Cruz — Foto: Arquivo Pessoal


Aldo Correa, treinador de De la Cruz no sub-16 e hoje responsável pelo setor de captação do Liverpool-URU, faz coro às palavras de Gabriel. Ao ser questionado se o meia não era um jogador tímido, ele também não pensou duas vezes ao escolher a palavra: "desfachatado".


- Ele é muito atrevido, creio que está passando por um processo normal. Flamengo é um gigante da América e do mundo.


O atrevimento de De la Cruz deixou Aldo e seus companheiros em maus lençóis numa partida do campeonato local. Anos depois, o profissional conta a história às gargalhadas.


- Quando jogávamos contra rivais duros, pedia para não passar o pé em cima da bola e nem fazer nada na frente da torcida adversária. Em um jogo disse: "Nico, não, por favor, está complicado o ambiente". Ele fez o gol e teve a gentileza de apontar para o número da camisa diante da torcida adversária (risos). Não podemos deixar o estádio (risos). Era muito atrevido no seu jogo. Era um rival duríssimo, o Cerro, e tínhamos muita rivalidade com eles porque muitos jogadores saíram daqui.


Aldo e Gabriel concordam que De la Cruz não é apenas atrevido, mas um jogador muito engraçado e que está sempre liderando a brincadeira junto aos mais próximos.


- Ele está sempre rindo, ele é divino como pessoa, está sempre alegre. Deve estar tímido porque está conhecendo o entorno e um novo clube, mas aqui sempre foi desenvolto - prosseguiu Aldo.

Aldo Correa orientando De la Cruz e outros jovens da base do Liverpool — Foto: Arquivo Pessoal


O Flamengo visita o Peñarol nesta quinta-feira, às 19h (de Brasília) no estádio Campeón del Siglo, precisando vencer por dois gols de diferença para se classificar para a semifinal da Libertadores (triunfo por vantagem mínima leva a disputa para os pênaltis). Antes da partida, o ge foi ao novo CT da base do Liverpool-URU ver como funciona a formação de atletas que revelou De la Cruz e conversar com a dupla de treinadores que treinou o meia rubro-negro na adolescência.


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